TEXTO
Viver
é uma coisa muito perigosa. Assim dizia Riobaldo. Mas será verdade essa máxima?
Vou conta-lhe uma história.
Certa vez um homem chamado Necessidade,
que tinha dois irmãos, um chamava Capitalismo, a outra, Religião. Ambas eram
egoístas e só querias as coisas para si mesmas.
Necessidade foi crescendo e em todos
os dias ele ia desenvolvendo uma aproximação de suas irmãs. Como as duas eram
bastante egoístas, não davam nem moral para seu irmão, Necessidade.
Em seu desenvolvimento intelectual,
Necessidade, se via mais necessário ter um relacionamento mais próximo com suas
irmãs.
Certa
vez, Religião, a Irma mais velha de Necessidade, vendo aquela aproximação de
seu irmão resolveu contar-lhe uma história. E disse: quando você nasceu irmão,
eu era a pessoa mais bela e formidável que já existiu na face da terra. Todos
me adoravam e se reverenciavam diante de mim. Eu era aquela em todos falavam de
mim. Talvez você não saiba, mas, eu sou mais velha que você pensa.
Nossos
pais sempre nos contavam uma história de um povo que viveu na mesopotâmia,
homens de força e determinação. Eu estava no meio deles, não sei por que minha
mãe não me colocava na história, ajudando-os e fortalecendo-os. A cada dia
aquelas pessoas iam me procurar para que eu pudesse ajudar-lhes. E na verdade
eu tinha as respostas certas para eles, mas, eles ouviam e nem sempre atentavam
para minhas sugestões. E fomos tendo essa relação não muito amistosa. Mas eu
sempre estava ali, pronto para ouvir aquele povo e dar-lhes alguns
ensinamentos.
Certa
vez algumas pessoas desse grupo, começaram a ouvir as minhas palavras e,
começaram a seguir meus ensinamentos, mas, eles distorciam minhas palavras a
ponto de matar pessoas em meu nome. Mas essa parte da história eu vou
contar-lhes mais na frente.
Nos
meados de 400 a.c os filhos dos filhos dos filhos daqueles grupos de pessoas,
se esqueceram de mim. Não acreditavam mais em mim. Eu fiquei completamente
esquecido por ele. Ninguém mais me chamava e nem queria mais me ouvir. Eu que sempre
fui à queridinha deles, mas, nesse momento, eu fiquei esquecida das suas
memórias.
Passados
alguns anos, certo Homem, que viveu na palestina, me deu destaque. Ele com seu
espírito caridoso e bondoso, sempre falava do meu nome para o povo. O povo voltou
a perceber que eu estava no meio deles. Aqueles que haviam me esquecido,
estavam voltando a ouvir minha voz, ainda baixa, mas estavam ouvindo.
Comecei
a ter notoriedade, as pessoas voltaram a me enxergar, a dar-me ouvido. Eu
gostava dessa atenção, pois, quem é velha, sempre tem algo a ensinar.
Passado
três anos de minha notoriedade, as pessoas resolveram agir como aqueles lá do
passado. Bolaram um plano para matar aquele Homem bondoso e caridoso. E ainda
disseram que iria mata-lo por minha causa. Diziam que aquele Homem estava me
pervertendo. Eu não disse nada disso, mas, eles insistiram em afirmar que era
em meu nome que eles iriam mata-lo.
Eles
não entenderam as minhas palavras, mataram aquele Homem, sem justa causa.
Mataram-no e colocaram a culpa em mim. Levei a culpa, calada, mas sabendo que o
culpado foram o egoísmo, presunção e a maldade que havia no coração daqueles
homens.
Depois
da morte daquele Homem, eu fiquei um pouco esquecida. Mas aquele Homem
assassinado ensinou a alguns doze homens quem de fato eu era. Esses homens começaram a falar de mim, de tal
maneira que, voltei a ser uma pessoa não reconhecida por assassina, mas aquela
pessoa que tinha vindo para ajudá-los.
Esses
doze homens começaram a proclamar meu nome em suas regiões e, algumas pessoas
me deram crédito de novo. Mas como você sabe, as pessoas sempre me entenderam
mal. Apenas um homem que de fato soube interpretar minhas palavras. Essa pessoa
se chamava Saulo (Paulo), mudaram seu nome depois de me conhecer! Diferentemente dos outros onzes, Paulo
entendeu minha posição quanto aos homens. Sempre falei para os homens que não
havia diferença entre homem e mulher, preto e branco, alto e baixo, gordo e
magro, judeu e gentil, mas, alguns insistiam em dizer que eu tinha preferência
por tipos pessoas.
Esse
homem chamado Paulo entendeu minhas palavras e, de forma indistinta falava de
mim a todas as pessoas.
Como
foi bom ter um representante que de fato falava aquilo que eu havia dito. Foi
uma época muito boa! Eu tive a liberdade outra vez. A alegria estava estampada
em meu rosto. Essa alegria não era pelo fato de ele falar de mim, mas, falar de
mim da forma a qual eu sou.
Esse
homem chamado Paulo foi morto por minha causa. Ele falou de mim até o último
dia de sua vida. Mas como você sabe, sempre existiram pessoas que gostava de
colocar palavras em minha boca. Os que mataram Paulo foram os mesmos que
mataram aquele Homem bondoso e caridoso que já lhe falei. Eles mataram Paulo
pelas mesmas prerrogativas, dizendo que ele estava me pervertendo. Como você
sabe Necessidade, muitas das vezes, as pessoas boas são caladas pelos poderes
instituídos, ou melhor, pelos detentores da verdade (o que é a verdade).
De
novo calaram-me. Alem de calar a minha boca, começaram a falar em meu nome.
Acharam que minhas verdades não ajudariam a humanidade e começaram a colocar as
suas verdades como sendo a minha voz. Este fato fica mais claro e mais evidente
na idade média, ou, idade das trevas.
Nessa
época eu fiquei presa em calabouços e amordaçada no fundo de uma instituição. O
mais interessante é que os líderes dessa instituição dizia que eu estava lá
para o povo, só para chamá-lo para dentro, mas, quando os povos entravam, eles
falavam aquilo que eles pensavam em meu nome.
O
mais triste dessa época foi à quantidade de pessoas que morreram, sofreram,
foram humilhados e castigados por impostores. E um detalhe, a culpo sempre foi
considerada minha. Mas eu já estava acostumada.
Aqueles
líderes que me prenderam em calabouço e me amordaçaram usavam meu nome pra
ficarem ricos. Isso mesmo Necessidade, grandes riquezas foram conquistadas
nessa época em meu nome. Eles diziam algo assim: “homens pecadores de toda
cidade, venham ganhar absolvição de seus parentes mortos apenas com uma
moedinha”. E foi assim que aquela instituição começou a se enriquecer. Foi
nessa época que as pessoas começaram a matar em meu nome com mais audácia.
Aqueles
que não seguiam as verdades daquela instituição eram consideram hereges,
malfeitores, mentirosos. Como pena de suas rebeldias, aquela instituição
queimava essas pessoas em praças públicas e diziam que era em meu nome. Assim
como mataram aquele Homem caridoso e bondoso, a Paulo, agora estavam matando a
torto direito, pessoas que apenas não acreditavam em suas verdades.
Não
foram poucos os que morreram pela imposição dessa instituição. Essa época foi
uma das épocas mais sanguinária que já existiu na face da terra, e todas essas
atrocidades eram feitas em meu nome.
Fiquei
muito tempo presa naqueles calabouços. Mas nessa mesma época, surgiu um homem,
estudioso que, me conhecia através de livros e histórias resolveu me ajudar. O
mais interessante na história desse homem é que, ele pertencia àquela liderança
que me prenderam. Mas certo dia, ele cansando de viver as verdades colocadas
pela liderança, resolve entrar no mais profundo daquela instituição para
procurar se havia alguma coisa escondida. E me encontrou jogada, amordaçada.
Ele começou a conversar comigo de forma escondida, por que, se as lideranças
soubessem, eles o prenderiam também.
Começamos
a conversar sobre as verdades que eu tinha e ele ia se empolgando e sempre me
questionando o porquê que eu estava ali daquele jeito. Conversamos muito e ele
ficou angustiado com minha situação, pois, aquela situação era a causa de ter
havido muitas mortes.
Então
ele resolveu me tirar daquele calabouço, mas, eu falei pra ele que não seria
fácil, mas, ele disse que pagaria qualquer preço para me ver liberta e agindo
no meio da população.
Ele
sabia que a minha libertação seria a libertação da do povo, que a minha
liberdade seria a liberdade do povo.
A
ideia aqui depois é na revolução industrial
nasce o capitalismo e gerar um dialogo entre a religião e o capitalismo.